quarta-feira, 4 de setembro de 2013

CHICO DOS SANTOS, O CHICÃO DA BANDA NEXTOR E SEUS MAMILOS

(Por Diego El Khouri)

Nas minhas andanças pela boemia de Goiânia me deparei  com  uma dessas pessoas que vieram ao nosso planeta para incomodar mais do que agradar. Chico como é conhecido, é um dos integrantes da banda de rock n’roll  Nextor e seus Mamilos. Dono de uma voz rouca e um pensamento ácido, esse grande artista (para alguns apenas louco) me concedeu uma entrevista que posto aqui nesse blog que ficou conhecido como painel artístico do que está rolando por aí. Além de músico, poeta, desenhista e arquiteto, é um ativista que busca fazer de sua vida uma obra de arte. Me lembro de alguns eventos que participei e reparar a reação de choque que algumas pessoas recebiam seu trabalho. Sentia   esse tipo de reação em relação ao meu trabalho também. Somos "perdulários do caos esbanjadores de palavras preciosas" como Maiakovski dizia em um poema. Vemos a arte como uma espécie de “dinamite”. É preciso cutucar feridas, romper tabus. 

Eu sei que você não gosta de Elvis/ só ouve a merda do Charlie Brown/ mas deixa eu comer seu forébis/ baby adoro sexo anal,Techo da música Goiânia não tem mar.

1) Nos fale como surgiu a música em sua vida e se havia alguma repressão por parte da família ou no meio que vivia.
Quando criança os LP's estavam perdendo espaço para as fitas K7, e era muito comum ouvir em casa ouvir os mais variados estilos: sertanejo raiz, samba carioca, músicas populares, músicas italianas, e principalmente músicas clássicas e rock'n roll, que são alguns dos estilos preferidos da minha mãe. Ela adorava as clássicas religiosas como Ave Maria, e também a Primavera de Vivaldi, no rock gostava de Elvis, Queen, as baladas do Scorpions, Legião Urbana, entre outros. Lembro principalmente de conhecer Scorpions através de uma fita K7 pirata da minha mãe, tinha as baladas que ela gostava e outros hits mais pesados pra ela como Black Out que eu gostava bastante. Conheci Supertramp num LP do meu padrinho que foi presente da minha mãe pra ele e estava conosco. Cresci com essa base e conhecendo mais, uma banda leva a outra...
      Estudei no Colégio Estadual Hugo de Carvalho Ramos em 98, cursei a 5ª e 6ª séries alí no Jardim Goiás, bairro nobre da capital. Nesse período o colégio estava degradado e mal cuidado, a região não era bem quista como hoje, mas foi lá que eu entrei pra primeira banda musical da minha vida, a banda marcial do colégio como trompetista. Na época meu gosto pela música clássica me motivou bastante nessa escolha e logo minha mãe estava toda orgulhosa quando me via nas apresentações do colégio ou em desfiles. Cresci com total liberdade no gosto musical, mas como tendência, segui o gosto da minha mãe, e com o tempo meu gosto foi apurando para o rock'n roll, e muito quando conheci meu amigo Vinícius em 98, alguns anos depois quando nos aproximávamos mais, vi que ele já seguia uma linha mais reta no rock'n roll em comparação com meu caminho mais eclético. Depois dessa aproximação nossa tudo mudou, um apoiava o outro e discutíamos sobre rock'n roll. Conforme os anos passavam o alcance das informações ampliava, a internet crescia rapidamente, músicas baixadas era uma febre, e não demorou pro meu amigo ganhar sua primeira guitarra e após algum tempo já em 2007 já montávamos nossa primeira banda, a extinta Em Cima da Geladeira, que nossos pais detestavam e não apoiavam, com músicas de putaria e sem nexo pelo simples prazer da piada, minha mãe detestou mais ainda e era absolutamente contra. Após algumas desavenças entre os integrantes, separamos e no mesmo dia nasceu a banda Nextor & Seus Mamilos, com a proposta de descompromisso total, e cantando letras sarcásticas, de humor negro, sem nexo, e letras de um cotidiano deturpado de sexo, drogas e rock'n roll.



2) Como é tocar rock n’ roll num estado conhecido principalmente por exportar música sertaneja e como vê o cenário atual brasileiro?
 Não tenho preconceito com estilos musicais, e não vejo meus estado ou país com algum compromisso social obrigatório com a música. A população vai ter as preferências musicais de acordo com seu conhecimento. Se você cresce ouvindo todo tipo de musica, você  tem mais liberdade pra escolher, se você cresce condicionado a um estilo musical ou um estilo de vida, é provável que você o siga e o adore. Não vejo problemas com isso. Não gosto muito de samba, e detesto o funk carioca, mas não critico quem goste, e se sou convidado pra uma festa aonde toque esse estilo, ele não me ofende, tampouco me aborrece, mas você não vai me ver escutando em casa, ou eu tocando numa festa minha, a não ser que eu queira agradar algum convidado meu. O que faço não é propriamente música, é protesto camuflado, se eu quisesse fazer música, faria ou tentaria fazer com muita qualidade, logo tocar rock'n roll aqui em Goiânia e ver a reação do público é sempre já o esperado, a maioria não gosta do nosso som, mas existe alguns poucos que entendem a proposta, e isso serve pra separar as pessoas, eu digo separar no sentido de que eu vejo a frescura da maioria, minha música não foi feita pra ser apreciada como Mozart, mas se a pessoa entende a coisa, ela pode até não gostar, mas ela não vai ser reacionária ou conservadora, e assim eu separo as pessoas, aquelas frescas ou raivosas, e os outros que são mais amistosos ou liberais.
Goiás exportar música sertaneja não me importa, mas se é pra dizer algo a respeito eu diria que preferiria que fosse um produto que gerasse renda pro nosso estado e não apenas um título. O Cenário brasileiro está como o mundial, segue adorando as novidades, independente de qualidade, mas não vejo mal algum em modismos ou musicas fugazes, ao meu ver não é uma questão de produção musical e sim de educação, lazer e cultura, posso parecer demagogo ou inocente, mas não me importo. É o que eu penso. Eu sei do que gosto e não repreendo o que o outro gosta, exceto se você conviver comigo, nesse caso há alguns porens. rsrsrs


3) Nos conte o início da banda Nextor e seus Mamilos e sobre a banda anterior que participava.
 Acho que já falei demais nela na outra pergunta, hahahah. Mas não vejo porque não aprofundar. Criamos a banda em 2008 após um show fracasso da antiga banda, a Em Cima da Geladeira. Nosso baterista abandonou enquanto tocávamos knocking on heavens door, em seguida nosso baixista abandonou o baixo. O Nextor já tinha uma ideia de banda há muitos anos, uma ideia de uma banda entre amigos, assim cada qual aprendeu a tocar um instrumento. Eu não fazia parte da formação original, mas acabei por participar como vocalista por ser o único integrante que não tocava nenhum instrumento, embora eu fosse trompetista, mas não cabia naquele momento, e eu não tinha o trompete meu. Dedicamos um ano a ensaios, quase um por semana, a maioria não sabia tocar seus próprios instrumentos, todos aprendemos juntos, e com o tempo o Nextor até me ensinou a tocar Guitarra. Tentávamos tocar corretamente, tocávamos as músicas que o Nextor compunha e algumas músicas do Sex Pistols e Guns n'Roses. Um dia briguei com a namorada do baterista, ele ficou ofendido e nossa relação não ficou bem o que culminou na briga no palco. Brigamos todos e me mantive aliado ao Vinícius, que já era conhecido pelo apelido de Nextor. O resto da banda foi embora e ficamos bebendo  madrugada adentro após o show fracasso, falando mal dos outros integrantes que nos abandonaram, e começamos a falar que montaríamos uma outra banda. O nosso baixista, o Aleixo, estava nesse show e animou na ideia da nova banda, uma banda sem compromisso com ensaios, ou coisa alguma, uma banda pra ofender, tocar rock'n roll, pegar mulheres se desse, começamos a brincar inventando nomes engraçados, escrotos, e nasceu Nextor & Seus Mamilos, quase foi Nextor & Suas Bolas.


4) Nextor e seus Mamilos é conhecida  no cenário alternativo por ser uma banda com pegada irônica e por vezes até escatológica. Sempre causa burburinho e até atitudes extravagantes. Há uma miscelânea de gostos musicais que perambulam por entre os integrantes. Apresentações bombásticas, como por exemplo, você totalmente nu tocando num bar de motociclistas, ou o guitarrista   Vinícius Schmidt tocando com calcinha fio dental.  Nos conte algumas histórias loucas que a banda viveu e como o publico normalmente recebe seu trabalho.
 Hahahahha. Verdade. Esse que eu tirei completamente a roupa foi legal. Já estava habituado a ficar de samba canção nos shows, e eu não usava cuecas, eu tinha que levar uma samba canção e trocar antes dos shows. Esse show em questão foi num bar recém nascido, mas não convém citar o nome do bar, tampouco do dono, mas o cara faltou com respeito com as bandas, atrasos absurdos, não ganhávamos nada, nem tínhamos desconto em nada, não ganhávamos com bilheteria, não ganhávamos nada, só havia gastos e a diversão, mas não estava divertido, o dono do bar só faltou cobrar a entrada das nossas namoradas de tão mesquinho. Alguns amigos foram nesse bar só pra verem a gente tocar e o atraso absurdo de horas irritou a todos, quando tocamos, no momento que eu ficava só de samba canção eu tirei tudo pra ofender, ofendi até o  nosso baixista, que quase abandonou o baixo. Quem presenciou fugiu, quem estava de fora quis entrar pra conferir a merda. Hahahahha. Acho que a vez mais legal, foi no ano passado, um amigo, o DJ Gummy ajeitou pra gente tocar em Brasília com um produtor. Tocaríamos no Blues Pub em Taguatinga  e outro show na Asa Norte num pub chamado Balaio Café. Taguatinga tem a cara de Goiânia e tocaríamos numa região marginalizada. Nos contaram que era numa rua aonde havia prostitutas, travestis, e outras coisa legais. Começamos a nos sentir em casa. Antes do show pensávamos que seriamos bem recebidos em Taguatinga pela questão marginal e tínhamos receio da Asa Norte imaginando uma burguesia que jogaria tomates na nossa cara. No final das contas aconteceu o contrário, não fomos tão bem queridos em Taguatinga e já na Asa Norte foi só alegria. Aprendi algo sobre preconceito  nesse dia. Já fomos expulsos de lugares a quais fomos convidados a tocar e já fomos aplaudidos em lugares aonde tocamos de supetão, pessoas são difíceis de entender e de agradar.


5) Além de  fazer um trabalho politicamente incorreto e subversivo você tem uma visão política própria e é inclusive é militante de partido político. Como vê esse despertar da população com os manifestos rolando a todo instante, se é otimista ou não em relação ao Brasil e dentro desse cenário político extremamente corrupto como acreditar ainda em partidos?
 Me filiei nesse ano de 2013, no Partido Comunista do Brasil (PC do B), e me sinto bem otimista com essa ação. Me sinto mais útil socialmente podendo participar das reuniões, argumentar, ter voz num grupo organizado e com pretensões sociais ambiciosas duma sociedade socialista, e justa. Sem inocência e sem demagogia.
Sempre flertei com o comunismo de Marx e o anarquismo de Proudhon, mas nunca havia tomado partido, mas no fim não escolhemos, somos eleitos, ou você está do lado do oprimido ou do opressor, e o observador distante é um covarde que já tomou o partido do mais forte. Alguns dizem que não existe mais esquerda ou direita, mas você pode ter certeza que existe, e aquele que se diz sem partido eu o indago sobre quem ele votou nas ultimas eleições, esse é o seu partido. 



6) E pra quem não sabe, conte sobre aquela participação sua num sarau na UBE (União Brasileira dos Escritores) em Goiânia quando  leu uma poesia feita na hora falando mal do arcaico pensamento ali vigente além de outras cutucadas, inclusive a  decoração da instituição, o quadro que "enfeitava" o ambiente, etc.
 Hahahahah. Era noite de microfone aberto, era minha primeira visita a UBE, as companhias eram boas, estava contigo meu amigo Diego El Khouri, a Anna Alchuffi e outros. Eu quis ler algo meu, mas achei que nada que eu tinha escrito era pertinente, nenhum devaneio meu, ou crítica social, ou nada sobre o amor era pertinente, comecei a viajar e me ver naquela situação, querendo fazer uma leitura mas sem ter material. Esse pessoal academista tem um pensamento muito retrógrado, é uma questão de poder, eles compõe a UBE pra se sentirem com algum poder social, não os vejo tratando de difundir as artes literárias, vejo eles apenas concentrando. Eu não lembro bem do que escrevi, mas lembro de escrever sobre o quadro mais bonito daquele lugar estar escondido no banheiro masculino, me senti ofendido. Sou apaixonado por artes, principalmente as visuais.


7) Quais livros e discos fizeram sua cabeça e te influenciaram?
 O Homem que Matou Getúlio Vargas- Jô soares
gostava muito do bom humor dele misturado com fatos históricos.
Misto Quente- Henrich Karl Bukowski
Numa Fria- idem
O amor é cão dos Diabos- idem
A vida vagabunda de Bukowski retratada em seus livros, me leva muito a pensar sobre a sociedade.
Para além do bem e do mal- Friedrich Wilhelm Nietzsche
Assim falava Zaratrusta- idem
Ler Nietzsche traz uma inquietude muito positiva pro espirito, se você tiver a cabeça sã é claro.
O que é Ideologia- Marilena Chauí
foi a iniciação da minha crítica política.
Os Melhores Poemas - Mario Quintana
crítico e apaixonado Mario Quintana, sua escrita é de uma beleza e crítica dada a sutileza dos grandes mestres.
 Na música:
Frank Zappa
o Frank Zappa era muito crítico e já pegava pesado com as letras desde os anos 70, embora sua grande produção fosse instrumental, quando falava, dizia muito. Inclusive foi convidado a depor no congresso estadunidense sobre a liberdade de expressão. No seu discurso tem uma frase que saiu muito boa " O congresso quer curar a caspa decepando a cabeça"
Ramones, Dead Kennedys, Sex Pistols
o punk de uma maneira geral,
David Bowie
White Stripes
White stripes tem riffs simples e contagiantes, lembrando que boa música pode ser feita de maneira sintética e ser excepcional.
Creedence Clearwater Revival
Eric Clapton
Eric Clapton é um clássico, sem mais, alguns podem falar mal do Blues dele, mas pra mim ele ainda é o deus da guitarra.
Raul Seixas
inigualável, sem mais.
Zé Ramalho
a poesia da musica dessa cara é digna de leitura assídua.
Júpiter Maçã
a loucura do júpiter maça é contagiante.
é complicado falar sobre isso, mas esses são os meus preferidos dentre meus prediletos. rsrsrs


desenho de Chico dos Santos

8) Você também é desenhista. Fale sobre esse trabalho visual e qual ligação que há com a música e a poesia.
 Desde pequeno desenho, toco e escrevo, mas faço os três de maneira muito preguiçosa sem dedicação, mas não consigo parar. Quando vem a ideia, eu tenho que traduzi-la, e ela vem em alguns desses formatos. Hoje em dia eu desenho muito pouco. Como Arquiteto estou sempre desenhando, mas desenhar tecnicamente com pitadas de liberdade não é a mesma coisa que desenhar livremente com pitadas de técnica. E ainda me pego escrevendo uma coisa ou outra, mas eu não posso ler depois, sou muito critico, e é muito fácil eu detestar o que escrevo depois de algum tempo, mas aprendi que no campo da subjetividade não existe certo ou errado, e assim vou colecionando coisas escritas, às vezes passo alguma a limpo, mas meu sonho é escrever um romance algum dia, publicar um livro.


desenho de Chico dos Santos

9) Qual a relação da Nextor e seus Mamilos com outras bandas alternativas?
Somos amigos da Malz Dreams, Jackies Knife, Macacos Me Mordam eles Vão se Matar, Bad Pig, Puro Álcool, DJ Gummy, e outros. Nem sei bem quem ainda está na ativa.  Nextor & Seus Mamilos é inimiga voraz do rock canalha de panelinhas excludentes. Tem muita gente que se acha o produtor por organizar um show, não vejo nenhuma produtora investindo numa banda, só vejo exploração e sacanagem. Já tivemos atrito com o pessoal da Fósforo, da Monstro e que estendemos a Construtora, e com o Vacas Magras. Não vou entrar em detalhes porque não quero nutrir desavenças há muito esquecidas por mim, mas ainda muito vivas pra alguns envolvidos.


10) Qual sua opinião sobre a descriminalização, regulamentação e
legalização da maconha? Tendo em vista a noticia recente do país vizinho Uruguai legalizando a cannabis.
Pra mim o que é natural não tem que ser proibido. A maconha foi vendida como cigarros índios pra fins terapêuticos da asma até o segundo reinado no Brasil. Original da Ásia, seu uso é milenar e sua proibição é totalmente politica. O Brasil só proíbe seguindo uma tendência estadunidense que proibiu lá e subordinou a todos a mesma situação. Os mexicanos são grandes consumidores e produtores da maconha, logo os Estados Unidos xenofóbico proíbe a maconha, ainda mais por não estar ganhando nada com isso, só perdendo grana. Faço a seguinte comparação: na época de invasão do Afeganistão pelos EUA a produção de papoula era mínima, com a invasão dos EUA ela aumentou drasticamente, é lá que os EUA colhe sua produção de opiláceos pra fins medicinais, aumentando a lucratividade farmacêutica em bilhões anualmente. EUA deveria ser criminalizado por tráfico de drogas. Ele produz para fins farmacêuticos as drogas mais pesadas do mundo, e não necessariamente essa finalidade farmacêutica é positiva. A liberação da maconha iria diminuir em muito o tráfico de drogas. O que alimenta o tráfico é a restrição, estudos provam. Nosso vizinho Uruguai segue uma tendência assim como na Holanda, acho que será um excelente exemplo para as Américas se for sancionado pelo presidente do Uruguai.



11) Quais os planos da Nextor e seus Mamilos para esse ano?
Sem planos. Gostaríamos de fazer uma grande festa, com strippers femininas, e ser algo beneficente, com cerveja barata.
É só uma ideia, mas você já está convidado, e mais, está convocado. 




12) E como é o processo de composição?
O Nextor compõe a maioria das músicas pra banda, eu costumo dar um retoque ou um pitaco, mas geralmente o Nextor chega já com um riff bem sacana e fica repetindo várias vezes até terminar de compor. Isso pode durar dias, meses, ou anos. Temos muitas músicas inacabadas de 2008. Eu costumo compor à parte, nada pra banda, coisa que eu toco pra minha namorada, ou mostro pra alguns amigos, bem diferente de Nextor & Seus Mamilos, algo puxado pro estilo Zé Ramalho.



13) Diga o que quiser. Fale mal de quem quiser, é o momento de falar o que bem entender. Diga qualquer coisa.
Queria só agradecer a honra de ser entrevistado por um artista talentoso como você meu amigo El Khouri, e dizer que em breve vamos nos reunir pra tomar uma cerveja gelada e ir no hipódromo apostar em cavalos. Sinto saudade do rock'n roll, fiquei muito botequeiro com o passar dos anos, sinto falta de andar bêbado pela cidade voltando de um rock'n roll.


sábado, 17 de agosto de 2013

ISAAC SOARES DE SOUZA E O RETRATO DE SUA ARTE


                          (Por Diego EL Khouri)


Mais uma entrevista nessas páginas virtuais, lugar onde a arte pode exercer sua total liberdade de expressão. Dessa vez tenho a honra de postar esse bate papo que tive com Isaac Souares de Souza, poeta, letrista, escritor e amigo pessoal de Raul Seixas com quem teve uma parceria musical ainda não gravada e inédita com a canção “Mulher”. Fundou o fã clube brasileiro, em 1975, na cidade de Bariri-SP, em memória do ídolo imortal e amigo falecido em 1989. Em 1995, editou independentemente, o livro “Raul Seixas, O Metamorfônico”, há muito esgotado e fora de catálogo.
Em 2009, pela Editora independente Marca de Fantasia, lançou o livro ZÉ RAMALHO: O PROFETA DO TERCEIRO MILÊNIO. Também a biografia RAUL SEIXAS, O VERBALÓIDE, o livro contendo mais de 600 páginas e capítulos especiais e autorizados de grandes nomes da MPB, admiradores confessos da obra musical e filosófica de Raul Seixas, encontra-se à venda e publicado no site de livros digitais: www.clubedeautores.com.br, site em que o autor possui mais de 10 livros publicados.

Eis uma de suas canções musicadas pela banda Hangar XVIII:


1) Como surgiu a poesia em sua vida e quais influências marcaram sua formação?

Eu digo sempre que a poesia já veio entranhada em minha alma, nas artérias do coração, no meu DNA, porque desde muito criança, entre 6, 7 anos eu era apaixonado por poesia, mesmo sem entender, pois eu me lembro de ouvir na escola os professores declamando poemas de Olavo Bilac, Castro Alves, Lêdo Ivo, Ezra Pound, Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade e etc., aqueles versos me fascinavam e então comecei a rabiscar meus primeiros e imberbes versos, mas os poetas que marcaram minha formação foram os mais loucos: Gregório de Matos, o Boca do Inferno, Ezra Paound, T.S. Eliott, Augusto dos Anjos, Fernando Pessoa, Cruz & Sousa, Rimbaud, enfim, os mais malditos, nessas fontes bebi talagadas de inspiração e aprendi a desenvolver meu pensamento diante das vicissitudes da vida e me tornei um fazedor de versos, não poeta.


2) Roberto Piva dizia que “poesia é uma arte minoritária." O que tem a dizer sobre isso?

Concordo com o pensamento de Roberto Piva: A poesia realmente é uma arte minoritária, mas não no sentido de ser um segmento menos valoroso do que outro que tem a arte como intelectualizada e sim, minoritária por ser realizada por poucos que sabem pensar e não têm papas na língua, pois, o que seria da vida sem a poesia, que ousa desmascará-la, seja através de versos metafóricos ou diretos. O que são os Salmos de Davi, senão poemas? A música, esta sim, deveria ser entendida no contexto real do que Piva afirma, porque é poesia simplificada, mas pode também ser complexa, assim como o é a música de Raul Seixas, que a maioria até hoje, mais de duas décadas depois de sua morte, ainda não entendeu, ela é simples, mas ao mesmo tempo complexa e metafórica.


3) Fale como se tornou amigo do músico Raul Seixas.

Minha paixão pela obra musical e filosófica do Raul vem desde 1972, quando o vi pela primeira vez interpretando Let me Sing my Rock and roll no VII FIC, caí de quatro diante daquele magricela vestido de couro, meio Elvis e meio Luiz Gonzaga, o maior fenômeno que meus olhos já tinham vislumbrado dentro do tosco cenário da MPB. Em 1976 um amigo meu contratou Raul para se apresentar durante a campanha política que ele realizava e depois disso nossa amizade se firmou, quando em 1980, eu me encontrava preso, cumprindo pena de 12 anos de reclusão e o Raul e Kika Seixas, na época me mandavam cartas e LPs. Saí da prisão nessa mesma época e fui ao encontro do Raul em São Paulo para onde ele tinha se mudado e fui recebido com a maior honraria e carinho. O Raul na época queria me arranjar emprego, mas eu recusei porque morava no interior, cidade pequena, onde eu já havia fundado o Novo Aeon Fã Clube/Raul Rock Seixas, desde 1976 e não queria me transferir para Sampa. Continuamos a nos corresponder de tempos em tempos e essa amizade durou até 1989 quando encontraram o Raul morto. Tudo o que sei sobre poesia, música, composição e literatura, aprendi com Raul, que inclusive houvera prometido gravar uma letra minha em sua homenagem, que escrevi em 1983 e cuja letra ele guardava em seu baú, segundo me afirmou sua mãe, Dona Maria Eugênia Seixas em 1991, após a morte dele. Minha maior tristeza foi não ver esse sonho realizado, o Raul acabou não musicando minha letra e nem a gravando conforme tinha prometido e a mantenho até hoje inédita, ela foi musicada e arranjada em 1987 por um compositor chamado Duarte, que na época trabalhava com o Paulo Coelho e Roberto Menescal num estúdio que ambos tinham chamado Golden Music, mas eu fiz questão de manter o nome do Raul como compositor, porque a música foi escrita para ele e ele aprovou a letra e sempre comentava a respeito com sua mãe. Segue abaixo a referida letra, que já foi publicada em meu livro RAUL SEIXAS, O METAMORFÔNICO (1995):

MULHER
Isaac Soares de Souza/Duarte/Raul Seixas

Você é um anjo traquinas
dentro de um berço de boninas
a fazer cócegas no meu coração!
Mulher, vez em quando eu te farejo
Tal qual uma lebre arisca
que foge repelindo a isca
que o vil caçador preparou!
Você é uma besta-fera
De “ninho das graças” à “megera”
Hum! Para esgarçar a vida de um mísero amante,
És tal qual o Érebo de Dante,
Ó lúgubre tentação
Negar que o diabo te adornou
Com sedas, pedrarias e endechas
É desmentir o que Raul Seixas,
Sobre ti, declarou:
- Ó lua cheia “veve piscando”
Os seus “óios” pra mim
Ó lua cheia “cê me ajudeia”
Desde o dia em que eu nasci...





4)  Nos conte como Raul recebeu essa homenagem.

Sem pensar nesta pergunta acabei respondendo-a acima, na pergunta de nº 3, mas afirmo: Raul gostou muito dessa homenagem e sempre comentava a respeito com sua mãe, que me confirmou isso e eu nem sabia de nada, se soubesse antes teria pegado no pé do Raul pra que ele desse uma arrumada na letra e incluísse coisas dele próprio e perturbaria o maluco beleza até não poder mais para que ele a gravasse.

5) Fale sobre essa passagem  na prisão e a relação que a experiência teve em  sua arte, lembrando que Oscar Wilde, Lobão, Villon, Bocage,  entre outros artistas, criaram obras contundentes a partir dessa experiência.

Diego, não tenho nenhum problema em falar dessa época negra em minha vida. Eu fui bandido mesmo. Na verdade minha vida foi um inferno. Meu pai eras Assembléias de Deus, um homem duro que espancava minha mãe e eu, ignorante, machão e violento e era pastor, mas eu o amava demais porque entendia como ele houvera sido criado, desde os 12 anos de idade meu pai morava sozinho e já trabalhava para se manter, filho de rico latifundiário no Pernambuco, reconhecido, meu pai passava para a família o estilo violento em que ele fora criado, descendente de holandeses, que têm a ver com a cultura pernambucana. Mas meu pai sempre foi meu herói e meu guia. Aos 16 anos me vi um filho abandonado, meu pai saiu de casa e se casou com outra mulher, ficamos, eu e mais 3 irmãos menores e minha mãe, sempre muito fora de órbita e honrada demais, nunca se conformou com a separação, analfabeta e tendo ficado meio louca por causa da separação, trabalhou feito doida na roça e de empregada doméstica para nos sustentar, a fome invadiu nosso lar, cidade pequena e sem emprego, a não ser a lavoura, salário miserável e a fome batendo forte, decidi me tornar bandido, não porque tivesse a estigma da marginalidade, mas pados que eu estava vivo e merecia uma chance. Parei de estudar, enterrei meus sonhos e fui pra rua praticar assaltos e furtos, estelionatos, roubo de carros e acabei na prisão, 12 anos de condenação a primeira vez, depois de 4 anos preso saí de condicional e aprontei dpreso novamente, mais 12 anos de cadeia e mais alguns meses preso, saí de albergue e me evadi, passei 16 anos foragido. Mas já decidira mudar de vida e desde então, trabalho honestamente e exijo que me respeitem, nunca dei lugar ao preconceito contra minha pessoa, pois a prisão abriu meu pensamento e me tornou escritor, compositor e acirrou em mim o gosto pela poesia e pela arte em todos os seus segmentos. Lá eu tinha tempo pra cultura, música, literatura e para pensar. Ao vislumbrar lá dentro das podres e corruptas prisões pelas quais passei, polícia corrupta, mais bandida do que a marginália, assassina, torturadora e mancomunada com o crime, percebi que aquele mundo de imbecilizados não tinha nenhuma ligação com o mundo que eu desenhara para mim e que é o correto e tanto sofrimento me fez entender que um homem sem honra não passa de um animal sempre acorrentado e indigno. Nunca dei trela para aqueles que tentaram me fazer voltar ao crime com seus preconceitos idiotas, porque sabia que essas pessoas que acreditam que aquele que erra não merece perdão, quando eles próprios sãoos mais bandidos da história com suas mentiras, crimes, preconceitos e desejos de matar aqueles que erram. Peitei a todos e consegui impor respeito, pois sempre me senti muito mais honrado do que eles e não admito que ninguém toque no meu passado com certo ranço de desconfiança e nunca tive vergonha do meu passado porque foi o passado que me deu o presente de honradez, pois aprendi com o sofrimento a me tornar um homem digno.




6) Numa entrevista que fiz com Sylvio Passos, amigo e também parceiro de Raul Seixas, o “maluco beleza” era na intimidade “um cidadão muito preocupado com todos à sua volta, uma pessoa fina e, de certa forma, até meio careta”. Essa é a visão que você tem do Raul, sendo que também foi amigo e conviveu com o músico? E qual sua opinião sobre o documentário "Raul Seixas - O início, o fim e o meio"? 

Diego, meu caro, o Sylvio tem toda razão, o Raul era um homem muito simples, do povo, ele não tinha frescuras, bebia cachaça e frequentava bares simples, casas simples de alguns amigos meus em que Raul esteve para tomar café, conversar. Ele era povo e realmente bastante careta como diz o Sylvio. O Raul era família, poucos amigos de verdade, gente como a gente, preocupado com tudo e com todos. O Documentário “RAUL SEIXAS-O Início, o fim e o meio”? Sinceramente? Considero este documentário excelente por manter viva a memória desse gênio esboçado, esse filho da dor chamado Raul Seixas, mas o documentário peca por não conter nada de inédito, simples demais e sem nenhuma qualidade que o coloque à altura daquilo que Raul merece. O cinema brasileiro acumulou sua maior dívida ao deixar de registrar num longa o que o nome do Raul merece.


7) Você escreveu a biografia de outro músico tão  talentoso quanto Raul Seixas. Músico inclusive que foi amigo também do Raulzito, o Zé Ramalho. De que forma teve a idéia de escrever sua biografia, se foi concedida por ele e se tem alguma relação com Zé ramalho?

Essa biografia do Zé Ramalho eu escrevi em 1995 e só consegui publicá-la em 2009, numa edição independente, sem nenhuma visibilidade, desconhecida e que teve uma compilação e os originais que contêm mais de 360 páginas acabou saindo com apenas 90 páginas. Publiquei essa biografia através da Editora Marca de Fantasia, sediada em João Pessoa-PB, sem a autorização do Zé, fiz por paixão mesmo, porque considero o trabalho do Zé tão profético quanto o do Raul, ambos trafegavam por mãos diferentes, mas que davam no mesmo lugar: a preocupação com o ser humano e com o mundo em que vivemos e abestalhadamente transformamos num lugar inabitável. Depois de publicada, o Zé autorizou e não impôs nenhuma regra contrária e inclusive esta biografia foi postada no site do Zé Ramalho pra quem quiser saber mais sobre ela e sobre o trabalho apocalíptico e genial do paraibano. Publiquei ainda uma outra biografia do Zé num site de livros digitais, mas que também pode ser adquirida em formato impresso, intitulada ZÉ RAMALHO/DIGITADO EM POESIA (http://www.clubedeautores.com.br/). O Zé está retratado num capítulo especial de meu livro RAUL SEIXAS, O VERBALÓIDE, que será lançado em novembro pela Editora Gregory e tudo o que coloquei neste capítulo dedicado a ele, tem a autorização do Zé além de fotos inéditas que ele me cedeu para o livro, em 1995.

8) E a biografia de Bob Dylan?

Bob Dylan, gênio que sigo desde os primórdios da minha vida, publiquei a biografia dele também no site acima mencionado. Mas eu acho o Raul mil vezes melhor e mais genial do que o Bob. A obra do Raul é dirigida ao homem de qualquer parte do planeta, pois os problemas que atormentam o ser humano é semelhante em qualquer rincão, já Bob Dylan tem sua voltada mais para o povo americano, é mais local, assim enxergo a obra dele, mas também é válida mundialmente, mas o Raul já trabalhava com a idéia geral que atormenta o homem desde o princípio da humanidade e tenta ensinar o homem a pensar. Assim como a obra de Bob Marley, apesar de ter validade mundial, era também dirigida ao povo dele, que também não deixa de ser nosso povo.
*foto: Bob Dylan e Allen Ginsberg

9) Como vê a cena musical atualmente?

A cena musical de hoje é uma lástima, nada de novo no front, repleta de merda a que dão o nome de música, salvo raríssimas exceções. O avanço do sertanejo universitário é prova inconteste de que a música atual mergulhou num fosso de bosta e não tem mais salvação. Quando universitários se unem para formar duplas sertanejas e elegem essa porcaria para embalar suas festas e manifestações, é sinal de que a geração vai mal e que o país não tem nenhum resquício de cultura. O fim de todos os anseios. Sertanejo, funk, rap, samba, futebol, carnaval e novelas, são sinais nítidos de que culturalmente o Brasil morreu e não ressuscitará.


10) Uma poesia.

Canção da Morte, que é um poema de meu irmão e foi elogiado até por José Saramago e pelo genial Elomar.

(CANÇÃO  DA  MORTE)

ELIEZER  SOARES  DE  SOUZA

Ao  correr  dos  dias
Vejo  mais  claros  seus  contornos
Sua  presença  mais  sombria,
Mais  reluzentes  seus  adornos
Dona  de  todos  os  horizontes,
Figura  velha  e  inflexível,
Ditas,  das  cidades  e  dos  montes,
Tua  lei  velha  e  temível
Ao  soprar  o  teu  hálito  gelado
Sobre  tudo  que  perpassa  e  que  seduz
Torna  cadáver  triste  e  incinerado
E  toda  vida  em  pó,  tudo  reduz
Pronta  sempre  pra  caçada
Como  ave  de  rapina  impiedosa,
Com  tua foice  inclemente,  afiada,
Paira  tranquila,  suprema,  desdenhosa
Ao  se  abater  sobre  a  vida  indefesa
Traz  nos  olhos  a  certeza  da  vitória
Decreta  o  fim  da  alegria  e  da  beleza,
Somente  nisto  consiste  a  tua  glória
Mas  sei  o que  procuras  há  algum  tempo,
Por  mim,  que  insurpreso  e  sem  pasmo
Posso  fazer  disso  um  juramento:
Me  estremecer  contigo  num  orgasmo
Até  que  o  tempo  resolva  esta  batalha,
Até  que  tu,  com  couraças  e  tridentes,
Tenha  aniquilado  tudo,  em  todo  ventre,
Sem  que  percebas  nisto  a  tua  falha
Te  sentarás  também  mendiga
E  faminta  num  canto,  solitária
Recordarás  chorando  a  ceifa  antiga
E  ao  infinito  volverás,  já  também  morta  e  sedentária.




11) Um autor que valeu a pena ter conhecido, e outro que se arrependeu de ter lido.

Sem nenhuma dúvida, Darwin e Dostoiévski e o qual me arrependi até a medula de ter lido vários livros: PAULO COELHO. Paulo é um dos piores escritores que já li, plagiador nato e óbvio ao extremo. Não sei como é que um escritor de nível tão baixo se imortalizou e é membro da ABL. Só no Brasil pra que essas enganações criem raízes.


12) Sua opinião sobre a legalização da maconha.

Fumei maconha uma ou duas vezes durante meus 54 anos de vida, não gosto de droga nenhuma e só bebo cerveja e raramente, nenhuma droga jamais me fez a cabeça, porque não necessito de subterfúgios para entender a vida e nem para desenvolver o pensamento, mas acredito que a maconha devia ser liberada hoje mesmo, cada cabeça é um mundo e cada pessoa faz dela o que quer, sem a mão ditadora do poder apontando o caminho que cada um deve seguir.


13) No livro “Cantando um blues”, você diz que esse estilo, surgido no sul dos Estados Unidos, “é tudo aquilo que a alma humana almeja: Liberdade, igualdade e fraternidade”, a voz dos oprimidos em busca de igualdade. Vendo sobre essa ótica, qual sua opinião sobre os manifestos que estão correndo Brasil todo, e qual recado você dá pra juventude.

Na verdade o blues nasceu no meio dos escravos negros, veio dos púlpitos das igrejas evangélicas, veja na letra abaixo que abre meu livro acima comentado. Sobre os manifestos que estão ocorrendo no Brasil, não vejo nada em tudo isso, essas manifestações não darão em nada, somente apontam o descontentamento do povo diante de tanta cachorrada do governo e do poder, mas são todas vãs e sem sentido, manifestação de verdade e que assombrará a todos e conseguirá fatalmente mudar os rumos do país, tem de ser feita pela maioria do povo nas urnas, se mais de 60% dos eleitores deixarem de votar, tudo mudará, mas deixar de votar significa nem sair de casa para ir as urnas nos anos de eleições. Somente agindo desta forma haverá mudanças radicais. As ruas repletas de gente badernando e o vandalismo grasnante nas manifestações, nada mudará.


14) Finaliza a entrevista. Fale o que quiser!

Porra, cara, a entrevista “tava” tão legal até agora, pena que encerrou-se com a 14º pergunta. Mas o que tenho a dizer para finalizar esse bate-papo bom, em primeiro lugar, agradeço-te pela oportunidade e peço-te desculpas se não consegui responder à altura suas perguntas e gostaria de alertar aos jovens, que serão os responsáveis futuros pelo futuro incerto deste Brasil fadado ao sabor macabro das hienas que estão no poder, que sejam mais honrados, inteligentes e contestadores, pois o futuro do planeta está em suas mãos e se vocês prosseguirem guiados pela tecnologia, comandados pela máquina e pela lei da vantagem, pelo egoísmo e desesperança e pela ignorância que se alastra, então, meus jovens e futuros mandatários do país, estaremos caminhando para o abismo de nós mesmos. Parafraseando Zé Ramalho: Digam versos pela resistência, pulem os muros, desamarrem os laços e façam coisas pela liberdade, as alturas merecem todas as asas. Porque eu tenho o mesmo pensamento do Raul Seixas: “Eu quero é que os fracos se fodam.”