quinta-feira, 6 de abril de 2017

O ARTISTA SALVESS E O UNIVERSO RICO DA COLAGEM

Por: Diego El Khouri


Mais uma entrevista com um artista interessante a colorir essas páginas virtuais com cultura e poesia visual: Sidney Silveira (mais conhecido como Salvess), um grande expoente da técnica da colagem. Residente na cidade de Goiânia (GO) esse grande criador de imagem artística vem expondo seu trabalho no Brasil e exterior e sempre buscando o dialogo com o receptor. Vale a pena conhecer o universo onírico desse grande artista visual.




1) Você trabalha com a técnica da colagem desde 1997 numa linha consistente do  questionamento contemporâneo da sexualidade. Inclusive você define esse trabalho como poética-colagem. Nos fale como foi esse início e o que despertou a produzir arte,   suas influências no campo pictórico e artístico. 


Bom, a principio desde de pequeno na minha puberdade para a minha adolescência, eu sempre buscava entender tudo sobre o que acontecia ao meu redor, observava e sentia vibrações com um outro olhar, com percepções artísticas com questionamentos e com muita curiosidade de sentir com um bom senso o belo das coisas numa pintura, numa geometria arquitetônica de espaços e construções, nas paisagens e numa boa música. Em meados dos anos 80 cultivava muito o movimento underground ou indie-rock de bandas inglesas e americanas em mídias na Tv,nos Fanzines, nas trocas de cartas de bandas de rock nacional independentes e nas revistas especializadas diversas da música e cinema. Nas artes visuais personagens curiosos como Keith Haring e o incrível e polêmico Andy Warhol me despertava um olhar poético e anárquico social e pop sobre o questionamento e posições políticas da sexualidade humana com a arte, que foram a fonte para eu desenvolver uma contrapartida numa linha tênue com a pornografia-fetichista e com a poesia finalizada nas obras das minhas colagens, porém tempo adiante fui redescobrindo grandes mestres da História da arte e influentes como no inicio do movimento Cubista e da Colagem pelos mestres Paul Cézanne, Pablo Picaso e George Breque. Eu sentia uma necessidade nutritiva na busca de ser e fazer algo no meio das artes, e neste campo da colagem eu ouvia falar também de um artista goiano muito forte nesta técnica que é o João Colagem e neste período em meados dos anos 90 ele estava morando na Europa, mais precisamente em Rotterdam na Holanda. Em 2008 eu tive uma grande e imensurável oportunidade de conhecê-lo pessoalmente, daí adiante nos tornamos grandes amigos e ele meu grande mestre influente. Com o valor do meu trabalho reconhecido por ele, o João Colagem me fez um convite para participar da minha primeira exposição numa mostra coletiva internacional que ele organizou com uma equipe de produtores e galeristas em Rotterdam/Holanda para a 1ª mostra internacional de arte da colagem ( https//:www.maandvandecollage.com ) em 2010, para essa mostra importantíssima foram também convidados outros artistas goianos, paulistas e brasilienses, dentre outros de vários países do mundo.


2) De que forma o mundo ao redor te inspira a criar e como se dá esse diálogo com o público?

A problemática social e do indivíduo na sua ambiguidade desde o inicio da civilização humana houve conflitos pertinentes permeados por leis, por religião, e por preconceitos que permeiam até hoje em pleno século XXI por incrível possa parecer, e nesse sentido construo diálogos no simbolismo sexual (fantasias, objetos, sentimentos, político e humanismo). Nessa plataforma artística venho mostrando em exposições Coletivas, individual e participativas em projetos culturais de intervenção urbana, o público em geral tem visto com bons olhos na minha poética inserida em meus trabalhos e com tudo isso todos saem ganhando na cultura e na evolução de percepções.



3) Como você vê a cena cultural em Goiânia?

É curioso hoje vendo como era alguns anos atrás a dita cena cultural de Goiânia, como eu tinha dito que desde cedo em minhas percepções e curiosidades de quase tudo do que acontecia ao meu redor, percebia que nas artes era muito forte e meio que glamorioso apesar das comuns dificuldades, porém existia sim uma certa cena que promoviam novos valores e abasteciam o mercado com mais vigor além do salões e concursos de artes promovidos por entidades privadas e galerias importantíssimas pioneiras que existiram. Hoje está tudo reformulado e mais enxuto. Digo: poucas galerias, porém sobreviventes. Acho que também tem o lance da sombra que permeia ainda o conceito cômodo da globalização e da concepção que se põem quase obrigatória do Estado fomentar a cultura(...), pois acredito que a cultura pode também sobreviver por outros meios como na COLETIVIDADE e PARCERIAS PRIVADAS. Mas hoje, se percebe na resistência e mudanças de conceitos, a cena tá muito atraente e diversificada, e se encontra num estado ativo e paradoxo porém existem secções bem definidas e sobreviventes que fazem arte bem organizada e rica, como na MÚSICA (Rock-Indie; Hip-Hop; Erudito e Sertanejo), no TEATRO (riquíssimo), COMPANHIA DE DANÇAS e nas ARTES-VISUAIS (Grupos de Artes; o Grafite/hip hop/dança; Cinema/curtas/ambiental).



4) Você diz que o artista visual precisa  do trabalho focado em ateliê e pesquisa, estudo e aprimoramento. Além  do estudo sistemático das formas, idéias, que ampliam conhecimentos e aumentam as ferramentas para o labiríntico ofício da criação, qual outra dica você daria pra quem está adentrando no mundo das artes visuais?

Bom sou formado em uma área que nada tem a ver com as artes (Ciências Contábeis), e nas artes-visuais sou autodidata. Até chegar a dedicar em tempo maior para a tal qual deixei a anos o ofício da contabilidade para dedicar somente nas artes, isso porém concílio em períodos mínimo de 2 vezes por semana num trabalho paralelo para poder sustentar o sonho do novo ofício. Sabe se que hoje poucos artistas conseguem sobreviver somente da arte, nesse sentido de compromisso o artista, penso eu, é essencialmente necessário o seu comprometimento com uma estrutura em que ele possa trabalhar afinco em suas pesquisas e experiências e nisso numa questão de identidade que gera um valor muito rico para o artista, às vezes é confuso falar sobre isso, na legitimidade da busca da identidade artística pois na História da arte quase tudo foi feito e de repente o que é novo é tão somente um reflexo do que já foi feito, porém se o artista procura um foco sério nos exercícios e pesquisas é o ateliê que vai dar a maior oportunidade dele desenvolver uma possível e forte identidade e para em seguida nas mostras também. E o tempo será a sua verdade com o seu compromisso sincero com a sua arte. Uma dica que eu possa dar, e já pedindo licença para quem quiser seguir, é que o mediatismo de resultados de suas obras e na carreira na maioria das vezes são facas poéticas de dois gumes mortais e egocêntricos do individuo, é como num jogo da vida o mínimo é tudo e o tempo é mais! O ser envelhece mais e a boa arte rejuvenesce eternamente.


5) Você já trabalhou ou tentou trabalhar com outras técnicas, assim como outros materiais e tendências como escultura e outros?

Sim, busco numa melhor veracidade expressar em novas frentes em matéria prima e concepções em outras técnicas fundidas com a colagem, como na fotografia em colagem-digital, na colagem sobre telas, na instalação-colagem ou na intervenção pública pictórico sensorial do grafite/colagem num diálogo geométricos art deco que de forma natural é uma fonte inspiradora em minha cidade natal Goiânia/GO, conhecida como referência rica em monumentos arquitetônicos desse conceito art deco. Deixo a frisar também uma outra forma de trabalho é a ciência da coletividade; esse conceito por intermédio do João Colagem construí uma transição de pesquisas em meus trabalhos me permitindo também a conviver com outros artistas no período de 2010, 2011, 2012 e 2016. Tive ímpares participações coletivas e em grupos de arte. Em 2015 fiz uma individual sobre esse conceito da coletividade que eu participei, com registros e obras (resumidas) para a exposição "résumé" no espaço Vila Cultural Cora Coralina em Goiânia/GO.


6) De que forma a cultura de massa e o constante apelo midiático pelo consumo se vêem refletidos nas expressões artísticas contemporâneas? E como trabalhar dentro desse contexto?

Uma das mudanças mais radicais é o ponto favorável da dita new-globalização, digo deste século vigente (XXI). O balanço POSITIVO & NEGATIVO da mídia atual, positivo pela forma de chegar mais rápido e próximo a quem quiser fazer e cultivar plataformas diversas de diálogos e o negativo (paradoxo) é da super exposição, o imediatismo que ora perturba e desgasta valores. Diante de tudo isso com certeza a mídia de hoje é bem mais eficaz e transformadora e para as artes é uma ferramenta ímpar. Se bem administrada, ambos saem ganhando, digo o público, a obra e o artista.


7) Uma frase.



Vida e arte dois elementos de espírito eterno!

8) Uma grande imprudência praticada.

Não sei, talvez por morar ainda com os meus pais até hoje acredita!? mas isso tem uma explicação lógica e econômica, posso te garantir. rsssssss...


9) Continuar ainda acreditando nas artes visuais?

Sim lógico, e não é uma escolha e sim uma nescessidade espiritual de continuar viver e morrer! 


10) Próximos passos.

Trabalhar e muito com o universo da poética colagem! 




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